Manifesto Poranduba Cabocla

Poranduba Cabocla nasce do desejo de lembrar e reinventar. De contar e escutar. De não permitir que a alma profunda da Amazônia — com seus cheiros, sons, falas e segredos — se perca na curva do tempo. É uma tentativa sincera de lembrar o que somos, como somos, porque somos.

É uma forma de expressar a nossa amazonidade.

O site foi criado como espaço de liberdade para discutir os temas que me movem: a cultura, a política, a cidade, os sonhos e dilemas de um povo que insiste em existir apesar de tudo. Um lugar onde posso reunir tudo o que me atravessa — os estudos, os caminhos, os encontros — e transformar em palavra. Um território onde se cruzam afetos e conflitos, saberes e intuições. Um espaço para contar histórias e impedir que elas se percam no tempo.

Poranduba é uma palavra de origem indígena — do tupi antigo poranduba ou porandúva — que nomeia as histórias que os mais velhos contavam à beira do fogo: narrativas orais, contos míticos, saberes do tempo e do mundo. Já a palavra “cabocla”, aos não iniciados nos mistérios amazônicos, é a síntese da alma mestiça da região norte. É a materialização da mulher do povo, da força que nasce da mistura, a sabedoria viva do cotidiano, feita de resistência, afetos e raízes.

A união destes dois termos forma um espaço de memória e invenção. O site é, portanto, uma casa de palavras onde se cruzam política, música, literatura, linguística e história. Um caderno etnográfico, mas também urbano — onde os registros do passado dialogam com os dilemas do presente. É uma escuta do invisível e uma escrita do sensível. É a mata que fala e a cidade que responde.

Aqui, Manaus será contada por quem caminha com seriedade entre livros, sotaques e histórias. Por quem busca as fontes primeiras e reverencia o que veio antes. Por quem acredita que a história da Amazônia — passada, presente e futura — ainda está sendo escrita, uma poranduba de cada vez…

É isso que move este projeto. Um gesto de reverência à memória, mas também de invenção. Um convite à escuta. Uma declaração de amor àquilo que, sendo nosso, não pode ser esquecido.